quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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Há poucas horas ouvia o barulho da rodinha.

Ele se foi – a roda gira sozinha.

O vazio e a incapacidade de compreensão.

Eu não sei dizer adeus – digo “vá!”, mas é em vão.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Efeito Colateral







"Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América."

A Bruxa - Carlos Drummond de Andrade



– Eu precisava daquele tempo, senti que se não fosse assim perderia totalmente o equilíbrio.
– Às vezes é melhor parar e esquecer o mundo ao redor. Precisamos limpar a casa, meu amigo!
– Foi isso! "Minha casa” estava uma bagunça, tudo espalhado sem lugar certo. Deixava tudo entrar sem ao menos saber se havia espaço para tanta quantidade. Chegou ao ponto que comecei a ter vazamentos.
– É a loucura coletiva de nosso tempo. Você foi apenas mais um dentre tantos que caem todos os dias na rede das atenções quantitativas.
– Eu queria mais coisas, mais pessoas, mais encontros, mais informações, mais novidades e demorou para eu perceber que tudo o que vinha se desintegrava muito rápido. Isso foi me dando uma sensação esquisita de engano, de loucura, de ilusão. Compreende?
– Acho que sim. Mas e agora, como você está lidando com a mudança que teve?
– Não posso dizer que estou totalmente curado. Nem sei se existe a cura para isso, mas estou menos insatisfeito e o pouco que hoje convive comigo parece ser menos artificial. É como se eu encarasse a vida como uma viagem eterna e nela só levasse de companhia o indispensável.
– Uma ótima forma de encará-la!
– É sim, obrigado! Mas estou aqui entregando minha existência para você e nem sei o seu nome.
– É assim que funciona esse programa: nós ligamos para cá, nos escutamos, não nos identificamos e falamos sobre nossas vidas.
– E você fala de onde? Posso saber?
– Falo do meu trabalho e você?
– Estou na estrada, vi esse número no outdoor com o anúncio “Disque amizade” e decidi parar o carro e ligar. 
– Legal! Eu sempre ligo quando estou mal aqui. Sou vigilante, trabalho das dezenove até as seis da manhã e atualmente está impossível conviver com amigos por conta do meu horário.
– Eu só liguei porque tem dias que não falo com alguém e não posso entrar em contato com nada que deixei pela estrada.
– Compreendo.
– E agora?
– E agora o quê?
– Acho que estragamos a idéia do programa é melhor eu continuar minha viagem.
– Faz assim, desliga e liga novamente que com toda a certeza vai ter outra pessoa na linha esperando um amigo para conversar.
– Certo. Mas você vai ficar bem?
– Sempre fico! Não tenho para onde ir, ou fico bem ou sou demitido por negligência na vigilância.
– Então até mais e bom trabalho!
– Boa viagem, meu amigo!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ao Som da Revolução





Eu — incinerador,
eu — sanitarista,
a revolução
me convoca e me alista.
Troco pelo "front"
a horticultura airosa
da poesia —
fêmea caprichosa.
Dialética, não aprendemos com Hegel.
 Invadiu-nos os versos
Ao fragor das batalhas,
Quando,
sob o nosso projétil,
debandava o burguês
que antes nos debandara.

A plenos pulmões -Vladímir Maiakóvski  (1915)



Adoro ouvir os tiros que vêm lá da rua,
pois tenho a sensação que alguém é perseguido.

Alguém, lá fora, necessita urgentemente de matar
e outro alguém necessita, mais ainda, de uma saída para continuar vivendo.

Eu só necessito ouvir os barulhos produzidos pelo tiroteio.

Alguém grita: Revolução!

Não ouço mais nada, acho que todos estão mortos.

Conservadores mortos em nome de suas grades.
Revolucionários mortos em nome da liberdade.

Não sei qual morreu pela causa mais nobre.

Só sei que os conservadores tencionavam parar com os tiros,
já os revolucionários queriam barulho.
Sei também que eu (aqui dentro) admirava os revolucionários,
pois estes sempre atiravam mais.

E eu adoro ouvir os tiros que vêm lá da rua.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Mundo Verde



Nesse canto, nesse lar, nessa cidade - sinto o sol nascer junto com teu sorriso.
Vamos ao cinema, curtimos Dolores ao vivo e acreditamos que cada evento foi produzido exclusivamente pra nós.
As ruas são curtas para os nossos pés, e o mundo um longa que podemos dirigir e roteirizar.
Em nosso quarto os três monstrinhos devoram a cama – e ninguém, além de nós, compreenderá  e amará esse fato.

Somos rainhas, vassalos, guerreiras e órfãos  nesse castelo decorado de teias destinais.
Nosso amor é alimento vital: colhido no tempo certo e degustado por doses.
Não desejamos a ressaca da embriaguês sentimental – pois ultrapassamos aqueles sentimentos que vazam.

Desejo que o tempo revele  a grandeza dessa relação.
Desejo que a vida dure o necessário para sabermos quem somos.
Desejo que vivas aqui e além e no findar das existências possamos nos abraçar e assistir o crepúsculo sem  nenhuma culpa.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sem Figura de linguagem?


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Eu vivo – é a condição de permanência.
Viver não é uma ação opcional como correr e não correr.
Não posso ir ali morrer um pouquinho e depois voltar viva – não posso morrer de amor e depois amar de novo (ou vivo de amor superando toda dor ou morro e acabo com esse vício.)
28 anos que não deixo de existir (e meus felinos são testemunhas ópticas).
Posso dizer que em todos esses anos se quer morri alguma vez.
 E se disserem o contrário, não creiam!
Sempre viva, mas nem sempre a mesma.  
Para alguns – é a morte.
Para mim – fase de gestação.

domingo, 1 de agosto de 2010

A Cidade dos Sonhos Errados



"Um mapa mundi que não inclua a utopia,
não é digno de consulta, pois deixa de fora as terras a
que a humanidade está sempre apontando."
 Oscar Wilde


O relógio funciona graças à precisão mecânica fabricada
por alguém fora dele e invisível a quem o porta: o relojoeiro.
Assim, na opinião de Newton, seria o Universo.
Na de Smith, a vida social regida por interesses econômicos.
A diferença é que o Deus Relojoeiro de Newton é chamado de Mão Invisível por Smith.
Segundo este, o egoísmo de cada um, guiado pela Mão Invisível, promoveria o bem de todos…
Frei Beto


Sonho enquanto caminho pelas ruas decompostas entre coisas e pessoas. Sinto o oxigênio penetrando minhas narinas e compreendo o quanto a urbanidade estragou a pureza de todas as substâncias – ao respirar percebo que sou invadida por fábricas, caminhões, cigarros e todos os brindes gratuitos que a respiração proporciona. Caminhar é pesado – é como se eu carregasse um fardo maior que eu mesma. É como se o mundo tivesse em minhas costas e nada eu pudesse fazer ou questionar. Pertencer ao mundo é arriscado – todo o seu caminho, todas as suas escolhas refletem dentro dele e por isso ele pesa tanto (apenas para lembrá-lo da sua responsabilidade coletiva). Uma senhora pergunta sobre as horas e digo que não posso informar, pois tudo isso não passa de um sonho errado e nos sonhos errados as horas não fazem qualquer diferença. Nos sonhos errados o tempo de cada ser não é acatado – as horas são imposições, as horas servem para a criação e venda de coisas e seres existentes. E naquele sonho errado eu sabia ou apenas admitia para mim mesma que a senhora em questão havia tirado uma folga do relógio. Mesmo assim ela ficou agradecida e como gesto de sua gratidão apontou com o dedo indicador a saída daquele mundo. Decidi não seguir sua coordenada e retornei pelo mesmo caminho. Mas a obviedade dos sonhos errados manifestou-se naquele momento: a paisagem carregada de pessoas e coisas não era mais a mesma – no lugar apenas um deserto e no seu centro uma árvore gigantesca e um letreiro com os seguintes dizeres: Eu sou a árvore da vida. Descanse em minha sombra e decore os arredores! Não fiquei deslumbrada, não sou tão inocente ao ponto de acreditar que as coisas e pessoas permanecem sempre da mesma forma. As Cidades dos Sonhos Errados crescem mais rápido do que um feto em gestação e morrem antes mesmo da puberdade.
Sentei-me a sombra da árvore e comecei a imaginar um mundo melhor - um mundo que comparando com aquele seria o ideal de se viver, sem barulho de usina e sem o tic-tac do relógio. A paisagem era realmente bela, minha decoração transformava-se a cada passo em um paraíso digno da aspiração de ambientalistas e até mesmo de Salvador Dali. Meu sonho errado tornara-se tão certo para mim que a principio não notei que não havia nenhum Adão e Eva por ali e muito menos seus descendentes. Esse era meu mundo solo e não havia platéia e muito menos personagens para interagirem e prestigiarem meu admirável universo, minha utopia terrestre, meu mundo ideal. E com o tempo ele foi se desfazendo – eu  precisava de conflitos, eu precisava de ter algo para lutar contra, eu precisava de paixões e desilusões, eu precisava das horas, do cartão de ponto, da carteira assinada, das revoluções, da embriaguês, da obrigação. Sim, eu precisava das coisas e das pessoas. E foi então que tudo se dissolveu e o relógio finalmente despertou. Seis horas da manhã, o sonho acabou...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Última Aleivosia

               
 
               
                Era mestre em desculpas, todos os dias ao chegar atrasada era capaz de inventar que caiu no bueiro de uma rua próxima, o ônibus quebrou três vezes, esqueceu o cartão de ponto em casa, teve uma diarréia no caminho e para tornar sua ficção mais convincente jogava-se na lama, rasgava partes da calça e chegava ao ponto de esfolar-se em qualquer local propositalmente. Com o tempo os atrasos já não aconteciam e foram substituídos por faltas consecutivas. As desculpas não mudavam: o amigo suicidou-se, a tia faleceu, o pai teve um derrame, a mãe fugiu, um raio queimou sua cabeça. E o inacreditável sempre acontecia: não tinha santo capaz de duvidar.
                Um dia decidiu fazer uma lista de quantas pessoas havia matado ficticiamente em um período de um ano e percebeu que já não tinha mais álibis para sustentar suas desculpas. Fatigada com suas infinitas mentiras e falsos assassinatos decidira dar um final aquela situação. Pegou seu celular e enviou um torpedo para todos da empresa. “Hoje não poderei comparecer a empresa, pois terei que ir ao meu funeral.”

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Missão Cumprida



A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.

A ingaia ciência - Carlos Drummond de Andrade

Acordaram e não sabiam mais sobre os seus sentimentos, um misto de desesperança, comodismo e uma preguiça inexplicável de um recomeço.  Olharam-se e não fingiram mais abraços, nem beijos e muito menos discursaram sobre como era bom estar ali. Ele levantou e vestiu a primeira blusa que apareceu na frente e ela continuou deitada, olhou para o teto e agradeceu ao deus de gesso por ter tirado o marido da cama. Ele perguntou se ela não iria levantar e ela sem resposta continuou fitando o teto do quarto que um dia testemunhou as mais ardentes carícias de um casal apaixonado. Ele se despediu, disse para ela ficar bem e se por acaso precisasse de alguma coisa que o procurasse, pois ele sempre estaria a sua espera. Ela permaneceu muda, virou de lado na cama e abriu o livro de cabeceira na página 127 da obra mais recente de Charles Gabriel: “Adeus, companheiro!”.

sábado, 26 de junho de 2010

Bonnie e Clyde

Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn




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O meu amado tinha tantas manias:
perdia canetas, lápis, chaves.
Houve um livro que comprou três vezes em um mês: depois
encontramos todos e mais um sob velhos jornais.

Lya Luft - O Lado Fatal


Amo-te, pois teu olho é torto e teu cheiro é tão selvagem quanto o aroma das fezes que boiam no Tietê.

Amo-te, pois teu veneno é fatal e em tuas unhas gigantes habitam os restos daqueles que passaram pelo teu leito.  

Amo-te, pois tua voz é um estouro e quando falas um líquido fino escorre pelo canto da boca.

Amo-te, porque és podre e consegue contaminar a mente de qualquer um que se aproxima.

Amo-te, porque és cruel e tortura psicologicamente toda vitima de suas armadilhas.

Amo-te, porque és abominável e sinto medo quando percebo sua presença.

Amo-te, sem nenhuma razão bela, pois a razão nunca fará parte do sentimento de duas feras.


 

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Relatório de Ausência Artística



Os números me perseguem em cada escolha. Vejo-os bailando no céu de papéis e burocracias

Estão escondidos em cada proteína ingerida, em cada caminho pisoteado, nos batimentos cardíacos, no ambiente, no meu subconsciente.

Escolhi as letras e os números me escolheram sem aviso prévio.

Tentei livrar-me deles, porém fui confrontada, testada, calculada e faturada. Eles se apresentaram em um palco cotidiano de  horas, estações, estatísticas, quantificação das coisas, até mesmo nas notas de uma melodia que fala de promessas e comprometimentos.

Hoje basta-me um acordo amigável, hoje basta fazer cálculos e ter a exatidão de um valor satisfatório. Preciso oferecer números, vendê-los e ganhar mais números em troca.  Pois só assim poderei folgar-me, uma vez ao mês, na riqueza das palavras.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Transvalorização


A porta cerrada
não abras.
Pode ser que encontres
o que não buscavas
nem esperavas.(...) Descuidosa, a porta
apenas cerrada
pode te contar
conto que não queres
saber.

Cuidado - Carlos Drummond


A centelha de vida que restara abriu--lhe uma porta capaz de desvanescer toda aflição do passado. O timbre da voz que surgia de dentro era rouco e fraco (igual a voz do velho que hoje oscila entre purgatórios).
Sangue e navalha jogada ao chão: pedaços da cruz, ferramentas do ocaso.
Acabara-se o tempo de violação – anjos travestidos de crianças puxavam suas pernas para o lado de fora.
A fresta da porta despedia-se da fraqueza declarada no olhar enquanto o sol queimava todas as suas ilusões.
Era tempo de caminhar, mesmo que fosse de costas para o chão.




sábado, 13 de fevereiro de 2010

A lógica dos Ponteiros

Uma nuvem pairou dentro da cabeça do menino.

Criou-se um dilúvio e levou-lhe bons momentos:

(Revolução, utopia e Rock and Roll)

( Poesia, Platonismo e Marilyn Monroe)

Trinta anos, despedidas – um cachorro vai e volta.

E no quarto a cabeça semi nua e meio morta.

Qual a chuva destes tempos poderia despertá-lo?

Não há volta – tempestades se aproximam e vão roubá-lo.

(Saúde, tolerância e a bíblia na gaveta)

( Dinheiro, a família e nem ficou a escopeta)

Na cabeça sem escolha só o “diabo” atormenta.

Sem a casa e sem os filhos o mundo é a sentença.

Sair pelos becos à procura do ladrão.

A nuvem é esperta e sempre está na contra mão.

( Sem roupas, sem sapatos e sem documentos)

( Sem nome, sem templo e sem fundamentos)

Já velho, sozinho e sem esperança.

Encontrou seu inimigo e foi embora a vingança.

A nuvem era o óbvio regras inconscientes.

Com a descoberta vieram os presentes:

Revolução, utopia e Rock and Roll

Poesia, Platonismo e Marilyn Monroe

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Herança Sapiens

Ter nascido me estragou a saúde

Não posso absover as dores de um mundo masoquista. Busco a paz, mas a moda assassinou a mulher que não quis entregar-se as ferramentas cirurgicas. Toda quinta-feira analiso o lixo da vizinhança: 80% alimento. Não sou ecologicamente correta, não sou biologicamente correta e nem logicamente correta. Não tenho cor, não tenho raça, meus braços são tortos, minha pele foi transformada em pergaminhos de propaganda. Abandonei bandeiras, silenciei meus votos, fechei as portas, dei descarga na minha ingenuidade. Cadê os deuses? Alguém de fato foi heroí? Existiu um Messias? Onde está sua casa? Você é saudável? Por quantas horas vendemos nossa força de trabalho? E depois? E agora? E antes? O que seus filhos herdarão? Senzalas?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Terra de Ninguém

Foto: Fonte

Enquanto as ruas são partidas ao meio pela fúria da natureza

Caminho pelas calçadas com o receio de ser dividida

O comércio está fechado, os hospitais lotados e as casas destruídas.

Vejo homens lamentado suas perdas, mulheres desesperadas e as crianças inventam brincadeiras diante aquele caos.

Não há o que ser feito – nenhuma rosa nascerá dentro de uma cratera.

Não há para onde fugir – todas as fronteiras tornaram-se abismos.

Só o sol permanece o mesmo.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Amnésia

Convocaram-me para uma missão especial, teria que registrar nessa máquina tudo o que fosse relacionado à guerra. A principio fiquei temeroso, afinal ficar no meio do tiroteio é como brincar de roleta russa, um dia você saí convicto que não está mais na mira de ninguém e uma bala brincando no ar aloja-se no seu corpo. Foi assim que ganhei essa grande cicatriz no ombro. È difícil falar sobre as imagens na foto, naqueles dias tentei sair de mim mesmo, esquecer quem eu era, meus ideais, meus sentimentos. Mas agora é difícil olhá-las com os mesmos olhos daqueles dias. Tenho pesadelos, vivo a base de antidepressivos é como se algo aqui dentro cobrasse uma atitude mais humana: atitude que não tive ali. Essa criança aqui foi baleada a poucos centímetros de mim, não pude fazer nada além de fotografar a cena. Era assim que conseguia manter minha cabeça equilibrada, imaginava que tudo fosse um cenário preparado para apenas virar imagens. Numa conversa com um soldado ele me falou que na guerra só sobrevive quem mantém a cabeça fria e que ele muitas vezes imaginava a batalha como um daqueles jogos de vídeo game que fizeram parte de sua infância. Creio que todos ali fugiam do que realmente acontecia e tudo tornava-se mais fácil. Esse soldado chorando foi responsável pela morte de uma vila inteira, ele não só metralhou os moradores de lá como violentou sexualmente todas as mulheres e crianças. A sensibilidade que a imagem passa diz muito sobre humanos que negam a si mesmos e tornam-se capazes de fazer monstruosidades. Quando voltei para casa uma guerra pior aconteceu aqui dentro: tive que me vencer. Até hoje não acredito que fotografei isso.

Trechos de minha nova obra, ainda em finalização.