segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Notícias do Mundo Tupi-Guarani

NÃO OUVIRAM NADA DO IPIRANGA Verdes, azuis, amarelos e brancos tecidos e mais tecidos são despejados pelos navios mercantes. Ouro, prata e diamantes foi a troca perfeita para os novos consumidores da América. Clima tropical combina bem com os casacos de peles usados na França e toda sorte de quinquilharias inuteis invandem o solo agora pisado por colonos, jesuistas e Joaquins Manueis filhos de Senhoras Putas. Vida longa ao Rei! E a nobreza desfila por cima da carne humana. Três africanos em troca de mais um pedaço de terra ou por bem menos que isso.... Os sinos tocam e as mocinhas correm para rezarem a missa. Enquanto isso o padre termina de almoçar o novo coroinha. - Toc toc! - Quem é? - Seu novo Eu! - Pode entrar, só estou experimentando minha nova máscara. Os carros passeiam pela madrugada. Lá vem Eles, corram! E os tiros silenciam toda manifestação dos chamados livres-expressadores. De fundo um hino expressa tudo aquilo que nunca existiu... E não Ouviram nada no Ipiranga, só silencio misturado com o sangue dos insetos. - Toc, toc! - Quem é? - Sou eu, só queria desejar uma boa noite! - Boa noite! Enquanto isso o presidente não faz a barba E mesmo assim fica bem distante do perfil Marx A foice e o martelo duelam entre si E as novelas terminam com um final feliz Pão de queijo, rapadura e vatapá E os coroneis ainda estão no controle Salve a Grécia porque ela não tem nada a ver com isso E eles continuam vendendo suas almas. Eu tenho um amigo que tem fobia de gato E ele não também não tem nada a ver com isso Isso não é um poema Pois os poetas foram chacinados pela Industria Cultural. Isso não é um grito Estamos mudos demais para isso. Isso é apenas o relato de alguém que não ouviu nada do Ipiranga. Lisa Alves - Notícias do Mundo Tupi-Guarani - Janeiro/2006