sábado, 26 de junho de 2010

Bonnie e Clyde

Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn




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O meu amado tinha tantas manias:
perdia canetas, lápis, chaves.
Houve um livro que comprou três vezes em um mês: depois
encontramos todos e mais um sob velhos jornais.

Lya Luft - O Lado Fatal


Amo-te, pois teu olho é torto e teu cheiro é tão selvagem quanto o aroma das fezes que boiam no Tietê.

Amo-te, pois teu veneno é fatal e em tuas unhas gigantes habitam os restos daqueles que passaram pelo teu leito.  

Amo-te, pois tua voz é um estouro e quando falas um líquido fino escorre pelo canto da boca.

Amo-te, porque és podre e consegue contaminar a mente de qualquer um que se aproxima.

Amo-te, porque és cruel e tortura psicologicamente toda vitima de suas armadilhas.

Amo-te, porque és abominável e sinto medo quando percebo sua presença.

Amo-te, sem nenhuma razão bela, pois a razão nunca fará parte do sentimento de duas feras.


 

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Relatório de Ausência Artística



Os números me perseguem em cada escolha. Vejo-os bailando no céu de papéis e burocracias

Estão escondidos em cada proteína ingerida, em cada caminho pisoteado, nos batimentos cardíacos, no ambiente, no meu subconsciente.

Escolhi as letras e os números me escolheram sem aviso prévio.

Tentei livrar-me deles, porém fui confrontada, testada, calculada e faturada. Eles se apresentaram em um palco cotidiano de  horas, estações, estatísticas, quantificação das coisas, até mesmo nas notas de uma melodia que fala de promessas e comprometimentos.

Hoje basta-me um acordo amigável, hoje basta fazer cálculos e ter a exatidão de um valor satisfatório. Preciso oferecer números, vendê-los e ganhar mais números em troca.  Pois só assim poderei folgar-me, uma vez ao mês, na riqueza das palavras.