quinta-feira, 8 de julho de 2010

Missão Cumprida



A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.

A ingaia ciência - Carlos Drummond de Andrade

Acordaram e não sabiam mais sobre os seus sentimentos, um misto de desesperança, comodismo e uma preguiça inexplicável de um recomeço.  Olharam-se e não fingiram mais abraços, nem beijos e muito menos discursaram sobre como era bom estar ali. Ele levantou e vestiu a primeira blusa que apareceu na frente e ela continuou deitada, olhou para o teto e agradeceu ao deus de gesso por ter tirado o marido da cama. Ele perguntou se ela não iria levantar e ela sem resposta continuou fitando o teto do quarto que um dia testemunhou as mais ardentes carícias de um casal apaixonado. Ele se despediu, disse para ela ficar bem e se por acaso precisasse de alguma coisa que o procurasse, pois ele sempre estaria a sua espera. Ela permaneceu muda, virou de lado na cama e abriu o livro de cabeceira na página 127 da obra mais recente de Charles Gabriel: “Adeus, companheiro!”.

8 comentários:

  1. Uau, que texto, moça!

    Beijos.

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  2. Tá tudo tão insosso, que até os amores que poderiam ser uma cumplicidade e uma reciprocidade em torno de algo comum está virando uma espécie de compromisso de início , meio e fim pre-determinados. Muito bom! Abraços.Paz e bem.

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  3. Você criou uma situação para nos mostrar uma outra. Gostei disso.

    Carinho, menina.
    Bom te ver lá no Equador.

    Continuemos...

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  4. querida, tô quase sem tempo, um saco isso. queria ler mais os outros. queria ler mais vc.

    mas vim aqui só para atentá-la qto ao livro (do trecho q coloquei lá no meu blog). ele nem é tããão bom assim, peguei pra lê-lo pq ouvi falar horrores, mas há melhores certamente.

    esse trecho é o supra-sumo do livro, não a toa quis compartilhar! :o)

    mas, se vc é como eu, e gosta de ter sua própria opinião, vai funda, compre, leia e depois troquemos figurinhas! :o)

    bjs!

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  5. Lisa,

    O blog Homens Hediondos convida você a fazer parte de sua troupe.

    A intenção é tentar fazer e expôr literatura de fôlego e de qualidade na blogosfera.

    Acesse o endereço virtual www.homenshediondos.blogspot.com,

    leia o Manifesto Foetibundus e veja se você pode e/ou quer ser um de nós.

    Para maiores detalhes, envie e-mail para germanoxavier@hotmail.com

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  6. Saudações, Lisa.

    temos um problema de falta de dias da semana para todos os que disponibilizaram em participar. Mas problemas existem para serem selecionados, não?
    A quarta e a quinta já tem "dono", digamos assim, só estou esperando os dois hediondos "machos" mandarem as fotos e a biografia.
    enfim, 7 hediondos. Mas vamos criar mais dois dias da semana, uma para você e outro para o Waldemir, outro interessado.
    Como não será obrigatório postagens seguidas, certeza que haverá dias que um dos hediondos "normais" não postará nada. É aí onde vocês (os Hediondos 8 e 9) entram com tudo, entendes? Assim o blog também terá mais movimentação, creio.

    Caso topes, mande uma foto tua e uma minibriografia para eu arrumar o blog agora mesmo e te inserir.
    Prazer imenso tê-la conosco, mestre.

    Sigamos.
    Homem Hediondo n° 5

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  7. Se o texto tivesse trilha sonora, com certeza, Chico estaria cantando: "Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua..." Abri o sorriso com o "Deus do gesso". Muito massa o texto.

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  8. E ao final, (o irônico é pensar que) histórias assim deixam marcas, justamente por tudo que se viveu.
    Ou talvez, o valor das coisas, decorra justamente da sua transitoriedade e fim.

    Belo texto, Lisa, palavra aguda.


    P.S.

    Obrigada pelas palavras.


    grande abraço

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