terça-feira, 14 de outubro de 2014

Que o meu sonho nunca assombre você




Do outro lado
sou a mulher
"de quatro paredes"
ao som de Billie Holiday.

Apenas uma “branquela” aborrecida
q sonha ter a cor da terra para ser mais inquilina,
q sonha ser Angela Davis.

Deito-me no solo e afundo nos dias frios.
                                              [dias de rabadas humanas.

A canção diz: “Little white flowers
                      Will never awaken you.”

Quando permanecemos estrangeiros
predomina uma fome de explorar
e não importa se oprimimos
o músculo do entregador de compras
ou o estômago podre de uma vespa morta.

A canção diz: “Soon there'll be candles
                       And prayers that are said I know”

Gosto da música dos abortados,
            da música dos malditos,
            da música que canta o apego arruinado.

A canção diz: “Darling I hope
                     That my dream never haunted you”

Enquanto escrevo, você cai no sono.
O amor é a eterna espera do “Bom dia!”




6 comentários:

  1. Mas isso é bonito demais:
    O amor é a eterna espera do “Bom dia!”
    Acertou, querida!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada pela visita, Daniel! :) "Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

      Excluir
  2. há muita riqueza no mundo, principalmente na franqueza e na honestidade literária que é um tipo de religião que jamais nos protege - ao contrário - frequentemente nos deixa expostos propositalmente. sempre que leio seus textos me vem medeia, ofelia, salome a cabeça essa capacidade destrutiva e criativa que é o seu jeito shiva de abraçar o mundo...

    um abraço lisa (voce devia fazer um filme)

    jean paul sartre - huis clos [entre quatro paredes, excerto]

    *tres personagens chegam ao inferno e relatam sua experiencias de vida uns aos outros...

    [...]
    INEZ: Eu já sou cruel, sério mesmo.

    GARCIN: Eu também sou.

    INEZ: Não, você não é cruel. É outra coisa.

    GARCIN: O quê?

    INEZ: Eu digo depois. Quando te digo que sou cruel, eu quero dizer que eu não consigo seguir vivendo sem fazer que os outros sofram. Como uma pedra viva de carvão. Uma pedra viva no coração alheio. Quando sozinha fico extinta. Por seis meses eu queimei no coração dela até que nada mais restasse senão cinzas. Uma noite então ela levantou e ligou o gás enquanto eu dormia. Então ela voltou para cama. E foi assim, agora você sabe.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ramon fico sempre feliz de ler suas percepções e adoro as pontes que faz com outros trabalhos artísticos. Um dia quero muito fazer um filme, só falta um monte do coisas para isso acontecer. rs beijo fraterno

      Excluir
  3. Tão bonito, Lisita!
    Li no dia que você postou, bateu fundo, e musical também.
    Cantar os malditos... somos nozes mesmo, rs.

    ResponderExcluir