Miserável país aquele que não tem heróis.
Miserável país aquele que precisa de heróis.
Antigamente canonizávamos nossos heróis.
O método moderno é vulgarizá-los.
Surgi com um “quê” de espectro cobrador
de dívidas perpétuas. Enterrei a lâmina em suas partes baixas e esperei jorrar
todo o vinho de safra benévola retido em suas entranhas. Ele não clamou, apenas
lançou os joelhos no chão e exigiu que o último cigarro fosse aceso. Fumamos
juntos e o ato que findaria a grande cena tornou-se sem paladar diante a sua
falta de relutância. Terminei de inflamar o tabaco e cavei a sua sepultura ali
mesmo – sem cruz e dito. A missão, outrora
vingança, tranformou-me em um réptil rastejante e a toca do maldito coelho delongou
dez anos para ser deparada. E o que permanece agora? Um trabalho árduo de
coveiro? Jogar a terra e ocultar os pedaços de nossas assombrações como se fosse possível
fechar a mémoria ou impedir a lembrança de nossos eus-algozes. Serei
transformado na estátua que calou a boca de quem se prontificou a nunca falar –
e para ditos-cujos como eu não há placas
de honra e sim uma típica tarja numérica fotografada juntamente com minha
frente e dois perfis (direita e esquerda).
Nenhum comentário:
Postar um comentário