quinta-feira, 25 de novembro de 2010
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Efeito Colateral
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América."
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Ao Som da Revolução
eu — sanitarista,
a revolução
me convoca e me alista.
Troco pelo "front"
a horticultura airosa
da poesia —
fêmea caprichosa.
Ao fragor das batalhas,
Quando,
sob o nosso projétil,
debandava o burguês
que antes nos debandara.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
O Mundo Verde
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Sem Figura de linguagem?
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E se disserem o contrário, não creiam!
domingo, 1 de agosto de 2010
A Cidade dos Sonhos Errados
sexta-feira, 16 de julho de 2010
A Última Aleivosia
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Missão Cumprida
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.
A ingaia ciência - Carlos Drummond de Andrade
sábado, 26 de junho de 2010
Bonnie e Clyde
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Relatório de Ausência Artística
domingo, 21 de fevereiro de 2010
A Transvalorização

não abras.
Pode ser que encontres
o que não buscavas
nem esperavas.(...) Descuidosa, a porta
apenas cerrada
pode te contar
conto que não queres
saber.
Cuidado - Carlos Drummond
Sangue e navalha jogada ao chão: pedaços da cruz, ferramentas do ocaso.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
A lógica dos Ponteiros

Uma nuvem pairou dentro da cabeça do menino.
Criou-se um dilúvio e levou-lhe bons momentos:
(Revolução, utopia e Rock and Roll)
( Poesia, Platonismo e Marilyn Monroe)
Trinta anos, despedidas – um cachorro vai e volta.
E no quarto a cabeça semi nua e meio morta.
Qual a chuva destes tempos poderia despertá-lo?
Não há volta – tempestades se aproximam e vão roubá-lo.
(Saúde, tolerância e a bíblia na gaveta)
( Dinheiro, a família e nem ficou a escopeta)
Na cabeça sem escolha só o “diabo” atormenta.
Sem a casa e sem os filhos o mundo é a sentença.
Sair pelos becos à procura do ladrão.
A nuvem é esperta e sempre está na contra mão.
( Sem roupas, sem sapatos e sem documentos)
( Sem nome, sem templo e sem fundamentos)
Já velho, sozinho e sem esperança.
Encontrou seu inimigo e foi embora a vingança.
A nuvem era o óbvio – regras inconscientes.
Com a descoberta vieram os presentes:
Revolução, utopia e Rock and Roll
Poesia, Platonismo e Marilyn Monroe
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Herança Sapiens

Ter nascido me estragou a saúde
Não posso absover as dores de um mundo masoquista. Busco a paz, mas a moda assassinou a mulher que não quis entregar-se as ferramentas cirurgicas. Toda quinta-feira analiso o lixo da vizinhança: 80% alimento. Não sou ecologicamente correta, não sou biologicamente correta e nem logicamente correta. Não tenho cor, não tenho raça, meus braços são tortos, minha pele foi transformada em pergaminhos de propaganda. Abandonei bandeiras, silenciei meus votos, fechei as portas, dei descarga na minha ingenuidade. Cadê os deuses? Alguém de fato foi heroí? Existiu um Messias? Onde está sua casa? Você é saudável? Por quantas horas vendemos nossa força de trabalho? E depois? E agora? E antes? O que seus filhos herdarão? Senzalas?quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Terra de Ninguém

Enquanto as ruas são partidas ao meio pela fúria da natureza
Caminho pelas calçadas com o receio de ser dividida
O comércio está fechado, os hospitais lotados e as casas destruídas.
Vejo homens lamentado suas perdas, mulheres desesperadas e as crianças inventam brincadeiras diante aquele caos.
Não há o que ser feito – nenhuma rosa nascerá dentro de uma cratera.
Não há para onde fugir – todas as fronteiras tornaram-se abismos.
Só o sol permanece o mesmo.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Amnésia

Convocaram-me para uma missão especial, teria que registrar nessa máquina tudo o que fosse relacionado à guerra. A principio fiquei temeroso, afinal ficar no meio do tiroteio é como brincar de roleta russa, um dia você saí convicto que não está mais na mira de ninguém e uma bala brincando no ar aloja-se no seu corpo. Foi assim que ganhei essa grande cicatriz no ombro. È difícil falar sobre as imagens na foto, naqueles dias tentei sair de mim mesmo, esquecer quem eu era, meus ideais, meus sentimentos. Mas agora é difícil olhá-las com os mesmos olhos daqueles dias. Tenho pesadelos, vivo a base de antidepressivos é como se algo aqui dentro cobrasse uma atitude mais humana: atitude que não tive ali. Essa criança aqui foi baleada a poucos centímetros de mim, não pude fazer nada além de fotografar a cena. Era assim que conseguia manter minha cabeça equilibrada, imaginava que tudo fosse um cenário preparado para apenas virar imagens. Numa conversa com um soldado ele me falou que na guerra só sobrevive quem mantém a cabeça fria e que ele muitas vezes imaginava a batalha como um daqueles jogos de vídeo game que fizeram parte de sua infância. Creio que todos ali fugiam do que realmente acontecia e tudo tornava-se mais fácil. Esse soldado chorando foi responsável pela morte de uma vila inteira, ele não só metralhou os moradores de lá como violentou sexualmente todas as mulheres e crianças. A sensibilidade que a imagem passa diz muito sobre humanos que negam a si mesmos e tornam-se capazes de fazer monstruosidades. Quando voltei para casa uma guerra pior aconteceu aqui dentro: tive que me vencer. Até hoje não acredito que fotografei isso.