Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. - Carlos Drummond de Andrade
Fizeram-te uma criança nessa altura dos anos.
Jogaram-te para a adoção de velhas quinquilharias.
Agora o que leva nessa bagagem antiga e cheia de traças? – o reconhecimento por ter sido tão passiva?
Teus filhos quebraram os pratos, maldisseram tua comida – trocaram-lhe por fast-foods e sucos gaseificados.
Teu marido sumido compartilha a velhice com qualquer uma que tenha menos linhas na face.
Lembra de quando batias no peito orgulhosa da postura dedicada? – mal sabia do buraco que um dia a jogariam.
Dona Neuza (a solteira), mal falada na vila, hoje canta pelo mundo e coleciona fotografias.
E a senhora onde andava, além das fronteiras da cozinha?
Mas agora é tarde e o caminho limitado. Ao redor somente muros e o rancor da ingratidão.
Nunca foste Pagu e nem Maria Bonita, então faça desde ódio somente uma lição: não existe liberdade encontrada
Desculpe-me pela realidade eu também senti a dor: fui largada pelos filhos e não tenho um vintém.
compartilhar a velhice foi uma das coisas mais belas que já li
ResponderExcluirNossa...
ResponderExcluirComo dói...
Triste essa situação de quem tanto se dedicou aos outros e depois é enxotado da própria casa. Já vi alguns casos assim.
ResponderExcluirGostei da forma que escreveu, Lisa. Ótimo texto.
Beijos.
Maravilhoso poema e dialog de forma digníssima com o grande Drummond.
ResponderExcluirbeijos
"Você nunca foi costela, nem a sombra de alguém". Caramba...Isso é aniquilador. Texto massa. Palmas.
ResponderExcluirÉ por isso que não pode haver tanto apego. E se há, então sabe-se como o futuro será. Resta somente então começar a sofrer antes para que quando enfim a velhice chegue, não seja necessário sofrer tudo de uma vez...
ResponderExcluirSei lá..
Hola!
ResponderExcluirTienes una interesante poesía. Espero nos leamos, al menos con la ayuda del google traductor.
Saludos...
Tô encantada com as tuas letras.
ResponderExcluirA velhice retratada sem piedade, como um simples reflexo da vida que se viveu, é raridade.
Ótimo.
Beijo