NÃO OUVIRAM NADA DO IPIRANGA
Verdes, azuis, amarelos e brancos tecidos e mais tecidos são despejados pelos navios mercantes.
Ouro, prata e diamantes foi a troca perfeita para os novos consumidores da América.
Clima tropical combina bem com os casacos de peles usados na França e toda sorte de quinquilharias inuteis invandem o solo agora pisado por colonos, jesuistas e Joaquins Manueis filhos de Senhoras Putas.
Vida longa ao Rei! E a nobreza desfila por cima da carne humana.
Três africanos em troca de mais um pedaço de terra ou por bem menos que isso....
Os sinos tocam e as mocinhas correm para rezarem a missa.
Enquanto isso o padre termina de almoçar o novo coroinha.
- Toc toc! - Quem é? - Seu novo Eu! - Pode entrar, só estou experimentando minha nova máscara.
Os carros passeiam pela madrugada.
Lá vem Eles, corram!
E os tiros silenciam toda manifestação dos chamados livres-expressadores.
De fundo um hino expressa tudo aquilo que nunca existiu...
E não Ouviram nada no Ipiranga, só silencio misturado com o sangue dos insetos.
- Toc, toc! - Quem é? - Sou eu, só queria desejar uma boa noite! - Boa noite!
Enquanto isso o presidente não faz a barba
E mesmo assim fica bem distante do perfil Marx
A foice e o martelo duelam entre si
E as novelas terminam com um final feliz
Pão de queijo, rapadura e vatapá
E os coroneis ainda estão no controle
Salve a Grécia porque ela não tem nada a ver com isso
E eles continuam vendendo suas almas.
Eu tenho um amigo que tem fobia de gato
E ele não também não tem nada a ver com isso
Isso não é um poema
Pois os poetas foram chacinados pela Industria Cultural.
Isso não é um grito
Estamos mudos demais para isso.
Isso é apenas o relato de alguém que não ouviu nada do Ipiranga.
Lisa Alves - Notícias do Mundo Tupi-Guarani - Janeiro/2006
Ducaralho, com a sua pertinência e inteligência.
ResponderExcluirVou publicar no meu blog depois.
Beijo e muito obrigado.